Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
No dia 18, organizações e movimentos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes celebrarão mais um "Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. A data, marcada por mobilizações em várias partes do Brasil, tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para um crime que ainda afeta milhares de meninos e meninas em todo o país: a violência sexual.
O dia para a mobilização nacional não foi escolhido por acaso. Em 2000, a data foi instituída como "Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-Juvenil” para lembrar o crime contra Araceli Sanches. Em 18 de maio de 1973, Araceli, com oito anos de idade, foi violentada e assassinada por um grupo de jovens em Vitória, capital do Espírito Santo. O caso tornou-se símbolo da luta contra a violência sexual de crianças e adolescentes.
Passaram-se 38 anos do crime contra Araceli, mas o abuso e a exploração sexual continuam fazendo milhares de vítimas todos os anos. De acordo com informações do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Disque 100 registrou, somente no ano passado, 12.487 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Durante os três primeiros meses deste ano, o serviço, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), registrou mais de quatro mil casos.
Cristina Mendonça, gerente-executiva da Casa de Passagem, organização que trabalha com crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social no Recife e Região Metropolitana da Capital pernambucana, considera importante que a sociedade se envolva nas campanhas contra a violência sexual de meninos e meninas e se mobilize para "pressionar o governo”.
De acordo com ela, amanhã, a Rede de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Pernambuco realizará uma caminhada na capital do estado para alertar a população sobre esses tipos de crimes. Na ocasião, os/as participantes entregarão ao governador do estado um documento sobre essa violação aos direitos das crianças e dos adolescentes em Pernambuco.
"O objetivo é exigir um maior comprometimento do estado no combate à exploração sexual no turismo e nas rodovias”, comenta, lembrando que o Plano Estadual de Enfretamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes também deve ser prioridade nas ações do governo.
Para Cristina Mendonça, as ações de enfrentamento à violência sexual contra meninos e meninas devem acontecer desde "a base”, envolvendo tanto a família quanto a escola e a comunidade. "O tráfico e o abuso [sexual] acontecem, muitas vezes, por falta de informação. Por isso devemos trabalhar a temática nas comunidades, realizar um trabalho de base, desde a família e a escola”, afirma.
Ações
Além de Pernambuco, outros estados realizarão atividades para marcar este 18 de maio. Em Brasília (DF), as ações começarão às 11h30 com o I Encontro Nacional de Experiências de Tomada de Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes no Judiciário Brasileiro. A programação na capital federal ainda contemplará a entrega do "Prêmio Neide Castanha”, o lançamento do Caderno Temático "Direitos Sexuais são Direitos Humanos” e da Matriz Intersetorial de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”, e a entrega oficial do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
As ações prosseguirão nos próximos dias tanto em Brasília quanto em outras cidades brasileiras, como Foz do Iguaçu (Paraná), Ribeirão Preto (São Paulo), entre outras.
Com informações de agências
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