Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
A comunidade indígena Toba-Qom da Colônia Primavera, estado de Formosa na, Argentina, entrou hoje (28) no seu quarto dia de greve de fome na Avenida 9 de Julho, em Buenos Aires. Os manifestantes pedem justiça por causa do desalojamento violento que sofreram em novembro do ano passado e que culminou em duas mortes.
O objetivo da greve é chamar a atenção da presidenta do país, Cristina Fernández Kirchner, para tomar providências e fazer com que sejam devolvidos cerca de 1.300 hectares das terras ancestrais indígenas que foram tomadas pelo Estado e por uma empresa privada. Desde dezembro, quando integrantes da comunidade acamparam em uma praça no cruzamento da Avenida de Maio, que os Toba-Qom vêm tentando dialogar com o governo.
Caso não tenham nenhuma resposta das autoridades, os indígenas afirmaram que a greve continuará por tempo indeterminado, assim como a ocupação total da Avenida 9 de Julho. Os grevistas ocupam, por enquanto, apenas uma das vias da avenida.
Ontem (27), a igreja emitiu um comunicado pedindo que o governo escute as reivindicações dos povos originários. As autoridades locais afirmam que existe uma mesa de negociação aberta para resolver o conflito, no entanto, os indígenas querem que a solução venha do governo nacional.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também interveio no caso e solicitou que o governo argentino adote uma medida cautelar em favor da comunidade, para garantir a proteção dos manifestantes "contra possíveis ameaças, agressões ou assédios por membros da polícia, da força pública ou outros agentes estatais”.
A Comissão também ordenou que o governo informe 'sobre as ações adotadas a fim de investigar os atos que deram lugar à adoção de medidas cautelares'. De acordo com a CIDH, o Executivo deverá dar informações sobre o cumprimento das medidas, dentro de um prazo de 15 dias, e manter as informações atualizadas periodicamente.
Militantes populares têm manifestado apoio à causa dos indígenas, assim como Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, que avisou que caso o governo não atendas as demandas dos Qom "recorreremos a todas as instâncias internacionais para denunciar esta situação".
O cacique qom Félix Días explicou que a greve se deu porque a comunidade esperou mais de 4 meses para dialogar com o governo, que não se 'importou em falar com eles'. Reclamou que o governador de Formosa, Gildo Insfrán, vem tentando conquistar, com presentes, a simpatia de outros grupos indígenas para falarem bem do governo, enquanto que os grevistas, que estão tentando recuperar suas próprias terras, são chamados de 'violentos'. "No entanto, nós temos a maioria da comunidade, o apoio de toda a gente", assegurou.
"É uma vergonha que o governo nacional e o governo de Formosa não tenham resolvido o problema da comunidade Toba-Qom", comentou o secretário geral do Partido Socialista Autêntico (PSA) no Projeto Sul, Mario Mazzitelli. Em apoio aos indígenas, ele disse que a greve é um recurso desesperado na tentativa de fazer com que as autoridades se sensibilizem e resolvam a questão da devolução das terras.
"O que estão reclamando não é outra coisa que algo que lhes pertence, como povos originários e argentinos pedem sua terra, água, saúde, educação e estão pedindo também sua própria documentação de identidade", justificou.
Com informações da imprensa local.
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