III Encontro sociopastoral de Origem e de Destino
dos Migrantes Temporários
Juventude Migrante: Desafios e Perspectivas
dos Migrantes Temporários
Juventude Migrante: Desafios e Perspectivas
O III Encontro teve a participação de 36 pessoas (mulheres, homens, jovens lideranças) vindas do Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo, Paraná. O Após a espiritualidade; apresentação, e, memória dos Encontros anteriores, fez-se uma análise de conjuntura sobre a expansão e mecanização da produção de cana-de-açúcar e seus impactos sociais e ambientais: concentração de riqueza, os baixos índices de escolaridade e desemprego de trabalhadores, pagamento por produção, intensificação da produtividade, trabalho escravo, diversificação dos fluxos migratórios, mudança do perfil do trabalhador agrícola, contaminação dos lençóis freáticos e aqüíferos, desmatamentos, etc. São desafios ao poder público e às entidades de defesa e promoção dos direitos da pessoa humana. Em seguida, abordou-se a migração de jovens rurais e sua relação com a precária infraestrutura socioeconômica de suas regiões de origem; seus sonhos de melhorar as condições de vida, como reformar a casa, acesso a transporte. Evidenciou-se o protagonismo dos jovens e seus desafios no processo de mecanização da produção de cana exigindo-lhes qualificação profissional e escolaridade elevada. Muitos jovens procuram se capacitar. Alguns conseguem trabalho na agroindústria. Mas, a maioria, sem oportunidades, diversifica suas rotas migratórias para Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Pará, Guiana Francesa, Minas Gerais, ou para grandes centros urbanos, onde se empregam em serviços domésticos, construção civil. Sobre o trabalho escravo, a despeito da atuação dos movimentos sociais e do Estado para prevenir e combatê-lo, junto à expansão dos monocultivos, multiplicam-se os casos de milhares de trabalhadores escravizados. Frente a essa inaceitável violação de direitos humanos, o Estado, as Pastorais Sociais e movimentos sociais se articulam em um “Mutirão Pastoral” para erradicar o trabalho escravo e viabilizar aos trabalhadores o gozo pleno da sua condição humana e seus direitos econômicos, sociais, políticos, culturais e ambientais. A Economia Popular Solidária - EPS foi abordada como uma experiência que, somada à Reforma Agrária, educação, trabalho e geração de renda, capacitação profissional, etc. pode viabilizar o acesso ao trabalho digno, alimentos, saúde, habitação. O que tiraria milhares de famílias da pobreza. A EPS pode viabilizar a organização e fortalecimento de comunidades, de grupos de mulheres, jovens, associações. Seu objetivo: combater à pobreza; disseminar e fortalecer práticas de sustentabilidade ambiental, social, econômica, política e democrática. Por fim, abordou-se o tema “Migração e interculturalidade - Trabalho sociopastoral nas realidades dos migrantes”. O migrante tende a cristalizar as manifestações culturais de sua região de origem, mas também incorpora elementos culturais da região de destino da migração. Todavia, a cultura é um organismo dinâmico que desafia a Pastoral a reelaborar seus métodos e práticas de interação social com os migrantes na perspectiva da interculturalidade. Esta não apenas suporta o diferente, mas, convive com ele, elabora sincretismos, celebra e festeja a vida com eles. Sinais do seu protagonismo, riqueza cultural, capacidade de transformação, de conquistar dignidade, de viver com amor e fraternidade. Houve debates e trabalho em grupo durante os quais os participantes fizeram intervenções, colocaram as experiências de suas regiões, os trabalhos com os migrantes, as parcerias, conquistas, desafios e perspectivas (varal de experiências). As lideranças fizeram articulações entre si com o objetivo de ampliar e fortalecer o trabalho das equipes locais nas regiões de destino (São Paulo e Paraná; Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Goiás), e, sobretudo, nas regiões de origem (Minas Gerais e Bahia; Paraíba e Piauí). Não havia representantes do Maranhão, mas este Estado foi incluído nas articulações. Foram elaborados encaminhamentos para orientar as ações das equipes e entidades junto aos migrantes, órgãos públicos, Igrejas e movimentos sociais. O Encontro foi encerrado com uma celebração eucarística.
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