quinta-feira, 30 de julho de 2009

Detenções nas fronteiras chegam a mais de 1.000

Adital

Movimentos sociais e organizações hondurenhas se dirigiram hoje (28) à cidade El Paraiso - na fronteira com a Nicarágua - para verificar as denúncias de desrespeito aos direitos humanos. Segundo a Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras, mais de mil pessoas foram detidas pelas forças armadas do país nas estradas que levam à cidade e impedidas de receber água e comida.

A Missão Internacional e a COFADEH (Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras) anunciaram a visita na manhã de hoje, dia em que o golpe de Estado que depôs e expulsou Zelaya do país completa um mês.

Em El Paraiso, as forças armadas hondurenhas estão reprimindo duramente os manifestantes contrários ao governo provisório de Roberto Micheletti. Os militantes estão no município desde que o presidente deposto, Manuel Zelaya, tentou ingressar no país por lá, na última sexta (24).

Na tarde de hoje, o CIPRODEH (Centro de Investigação e Promoção dos Direitos Humanos) comunicou que as 76 pessoas detidas no município de Alauca foram enviadas à Tegucigalpa, capital do país. Outros manifestantes que se dirigiam à fronteira foram detidos na cidade de Ojo de Agua e enviados à força para a capital.

De acordo com a Frente Nacional Contra o Golpe de Estado em Honduras, centenas de manifestantes foram detidos pelo Exército e Polícia Nacional, em várias estradas que levam à fronteira. Segundo a entidade, os militantes estão sofrendo fome, sede e frio, já que foram mantidos na estrada, a céu aberto. O bloqueio das estradas e a detenção de manifestantes são mais intensos nas cidades de Alauca e Arenales, a 10 quilômetros da fronteira.

A Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras condenou o assassinato de Pedro Magdiel Martínez Salvador, 22, membro da Associação Cristiana Juvenil. Na sexta (24), o jovem foi arrastado pela polícia e pelo exército, quando se dirigia a El Paraíso. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte com sinais de tortura, em um terreno baldio.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou profunda preocupação com a tentativa do presidente provisório de desmobilização dos militantes. A organização repudiou os vários estados de emergência já utilizados por Micheletti na tentativa de inibir os protestos contra seu governo.

A CIDH ressaltou o toque de recolher imposto por Micheletti desde sexta, na cidade de El Paraíso. A medida não impediu a permanência dos manifestantes no local e, por isso, as forças armadas estão se utilizando da força.

Ontem, uma comissão da ONU (Organização das Nações Unidas) chegou à El Paraiso para verificar as condições dos habitantes da cidade após o toque de recolher. Um dos integrantes informou que o organismo recebeu denúncias de escassez de água e alimentos no local.

"Agora só viemos ver e vamos informar às autoridades superiores basicamente isso. É que não temos nenhuma missão de caráter político, nem nada disso; é somente ver como é a situação humanitária dessa zona", explicou Renato Echeverría, representante da missão, a TeleSur.

Mais tarde, um comboio da Cruz Vermelha hondurenha, carregado de comida e água, foi impedida de ingressar em Honduras pela fronteira com a Nicarágua. A ajuda foi coletada pela população e por organizações que integram a Frente Nacional.

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