Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
"O Plano Sistemático de Roubo de Bebês”, como ficou conhecido o caso de subtração, retenção e ocultamento de filhos de pessoas consideradas "subversivas” durante a ditadura militar argentina (1976-1983), pode sair da impunidade. Ontem (28), os juízes do Tribunal Oral Federal 6 deram início ao julgamento de oito repressores por conta do desaparecimento de 34 crianças no marco do Plano.
A luta das Avós da Praça de Maio contra a impunidade no caso já dura quase 15 anos. A expectativa é que o julgamento se estenda até o final deste ano e que sejam ouvidos cerca de 370 testemunhos. Entre os acusados estão dois ex-presidentes do regime militar, Jorge Videla e Reynaldo Bignone, e o ex-chefe de inteligência do Grupo de tarefas 3.3 da Escola Mecânica da Armada (Esma), Jorge ‘Tigre' Acosta.
Além dos três, ainda sentam no banco dos réus: Santiago Omar Riveros, ex-comandante de Institutos Militares de Campo de Mayo; Antonio Vañek, ex-almirante; Rubén Franco, ex-marinheiro; José Luis Magnacco, médico da Esma; e Jorge Antonio Azic. O julgamento acontece após o falecimento de outros acusados, como Emilio Massera, ex-chefe da Armada, e Cristino Nicolaides, último chefe do Exército durante da ditadura.
Apesar de as Avós da Praça de Maio terem feito a denúncia em 1996, o julgamento só começou no dia de ontem. O caso refere-se ao desaparecimento de 34 crianças nascidas em detenções ou sequestradas juntamente com seus pais durante os anos da última ditadura militar na Argentina.
A acusação revela que, no período militar, alguns centros clandestinos eram equipados com estruturas para que as mulheres grávidas que estavam detidas pudessem dar à luz. As mães, após o parto, eram levadas de volta às prisões clandestinas e perdiam o contato com seus filhos.
A Escola Mecânica da Armada foi um desses lugares. Informações dão conta de que as mulheres ficavam em um quarto onde permaneciam com os recém-nascidos até que os oficiais os levassem embora, muitas vezes em questão de dias. Situação parecida aconteceu em outros locais, como em: Campo de Mayo, Pozo de Banfield, La Cacha, La Comisaría V de la Plata, Orletti, El Vesubio e Olimpo.
Apesar dos anos, algumas avós seguem sem saber o paradeiro de seus netos e suas netas. É o caso de Chicha Mariani. Sua neta, Clara Anahí Mariani - filha de Diana Esmeralda Teruggi de Mariano e de Daniel Mariani -, tinha três meses quando foi separada de Diana, em 1976, e ainda continua desaparecida.
Com informações de Tiempo Argentino e Página 12.
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