Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL
Adital
Em visita à América Latina, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarcará em El Salvador amanhã (23). Na pauta de reivindicações do governo, da Igreja e dos movimentos sociais, o principal ponto é uma lei de imigração ampla, que garanta situação legal aos imigrantes oriundos de El Salvador.
Cerca de 2,8 milhões de salvadorenhos vivem nos Estados Unidos e apenas 217 mil estão amparados pelo Programa de Imigração Temporária (TPS, na sigla em inglês), que lhes permite morar e estudar no país. O programa, lançado em 2001, quando terremotos arrasaram El Salvador, acabará em março de 2012. Os salvadorenhos são o terceiro maior grupo hispânico presente nos EUA, principalmente na capital Washington, e suas remessas constituem em torno de 13% da economia de seu país de origem.
O presidente salvadorenho Mauricio Funes afirmou que na reunião com Obama solicitará residência permanente para os beneficiados do TPS. O chanceler da República, Hugo Martínez, declarou que a intenção do governo é verificar, junto à Obama, a possibilidade de uma reforma imigratória para salvadorenhos que atendam a alguns critérios.
"Estamos pedindo uma solução integral para salvadorenhos com dez anos de vida nos Estados Unidos, com documento de permanência, que paguem seus impostos, respeitem as leis e tenham negócios próprios”, explicou. Apesar de reconhecer que o tema enfrenta oponentes no Congresso estadunidense, Martinez acredita que Obama proporá uma solução.
Para fortalecer o coro, o arcebispo de San Salvador, monsenhor José Luis Escobar Alas, afirmou que a Igreja espera que os Estados Unidos avancem na definição de uma reforma imigratória integral e que isso seja feito na atual gestão.
"Oxalá que esta visita beneficie a nossos irmãos imigrantes, que o tratamento seja mais digno, que não haja leis que os criminalizem injustamente sendo inocentes, somente porque cruzaram a fronteira”, disse.
Durante a campanha presidencial, em 2008, Obama prometeu que, no primeiro ano de mandato, pautaria o debate e a aprovação de uma reforma imigratória ampla. Em entrevista concedida ao site La prensa gráfica, o presidente afirmou que esta "tem sido e continuará sendo uma prioridade de minha gestão”.
Ele classificou o sistema de imigração como "falido”, mas salientou que precisa do apoio do Congresso e do Senado para qualquer reforma. Disse ainda que tem trabalhado para que, por meio de um consenso, seja aprovada uma reforma integral "que honre a história de nosso país de ser uma nação que respeita o Estado de Direito e valoriza a diversidade”.
Além da Lei de Imigração, o mandatário discutirá com o governo de El Salvador temas como segurança, luta contra a pobreza, cooperação econômica e energias renováveis.
Como a lei repercute nos Estados Unidos
O clima para aprovar qualquer reforma imigratória é considerado hostil no país. Entre 2005 e 2010, a lei de reforma imigratória foi debatida pelo menos seis vezes no Congresso estadunidense, sem avanços. Em dezembro do ano passado, o Senado não conseguiu os votos necessários para aprovar uma lei imigratória que beneficiava cerca de 850 mil estudantes em situação irregular.
No ano de 2006, o Comitê de Conferência deveria fazer alterações em um projeto aprobado pelo Comitê Legislativo e em outro projeto do Senado, para transformar tudo em um texto único. Entretanto, a liderança republicana no Senado conseguiu cancelar os trabalhos, argumentando que o projeto poria em risco a segurança nacional.
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