sexta-feira, 4 de março de 2011

Brasil apoiará ações da ONU na crise da Líbia, diz porta-voz

O governo brasileiro adotou posição cautelosa em relação ao conflito na Líbia. Segundo o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, o Brasil "apoiará todas as iniciativas definidas pelas Nações Unidas". A declaração foi feita hoje ao final do dia.

A posição é muito mais conservadora do que a de outros países, como os EUA. Hoje, o presidente norte-americano Barack Obama afirmou que o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, perdeu a legitimidade e deve deixar o poder.

Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff comentou os aspectos econômicos da crise. Perguntada se a crise líbia preocupa o Brasil por causa da alta do preço do petróleo, a presidente subestimou o impacto do conflito, pelo menos temporariamente. "Acho que não é uma preocupação ainda das maiores", disse ela.

Segundo Dilma, "não há hipótese" de a crise líbia afetar "o conjunto do fornecimento [petrolífero] do mundo", caso haja mais problemas na produção e fornecimento.

Dilma comentou ainda os negócios do Brasil com o país. Ela citou grandes empresas e construtoras que atuam na Líbia. "Isso causa obviamente para esses investidores uma turbulência".

BRASILEIRO RESGATADO

O Ministério de Relações Exteriores confirmou nesta quinta-feira que o mecânico brasileiro André Luís Claro Poças, funcionário da petroleira Petroair, foi retirado de Brega, cidade no leste da Líbia alvo de ataques aéreos das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi, e levado para uma área mais afastada do conflito.

Poças é o último brasileiro a pedir auxílio à Embaixada Brasileira na Líbia para deixar o país. Mais de 500 brasileiros, segundo estimativas do próprio Itamaraty, já deixaram a Líbia, que vive uma guerra entre rebeldes da oposição (que controlam o leste) e as forças leais a Gaddafi (que mantém controle de Trípoli e seus arredores).

Segundo a Chancelaria brasileira, Poças está em segurança --que é mais importante do que a pressa.

Mais cedo, o Itamaraty havia informado a Folha.com que o embaixador brasileiro na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, manteve contato com Poças desde o início da revolta popular e tentou incluir o mecânico no grupo de funcionários de empresas estrangeiras que deixaram a Líbia nas últimas semanas via barco.

A Petroair, contudo, tranquilizou seus funcionários e garantiu que tudo estava bem na cidade. O próprio Poças disse ao embaixador que estava calmo e não se sentia ameaçado até alguns dias atrás --quando relatou ouvir bombardeios e tiroteios na cidade.

Brega é o local onde está a segunda maior instalação de petróleo e é controlada pela oposição desde a semana passada. O ataque à cidade marca a primeira contraofensiva do regime no leste líbio e ilustra as profundas dificuldades que as forças de Gaddafi --uma mistura de milicianos, mercenários e unidades militares-- têm tido em reverter a revolta popular, iniciada em 15 de fevereiro.

ATAQUES

Nesta quinta-feira, testemunhas disseram que um avião militar voltou a bombardear Brega após um dia de intensos confrontos. Os ataques teriam tido como alvo o aeroporto da localidade e uma posição rebelde na cidade vizinha de Ajdabiyah, onde o número de mortos subiu para 14 nesta quinta-feira --no dia anterior, autoridades haviam colocado a cifra em dez. Muitos dos opositores que repeliram as forças do governo em Brega vieram da cidade vizinha.

Na véspera, a batalha pela cidade começou logo após o amanhecer, quando várias centenas de forças pró-Gaddafi em 50 caminhões e veículos com metralhadoras invadiram o porto, expulsando um pequeno contingente da oposição e assumindo o controle das instalações de petróleo, porto e pista de pouso.

No entanto, à tarde, eles já tinham perdido suas conquistas e haviam recuado para o campus de uma universidade localizada a 8 quilômetros dali. Lá, eles foram cercados por opositores, que da praia escalaram uma colina para chegar ao campus enquanto eram alvos de tiros de metralhadora, segundo um repórter da agência de notícias Associated Press que estava no local e presenciou a cena. Os rebeldes se esconderam atrás de dunas, atirando de volta com rifles de assalto, metralhadores e lançadores de granadas.

As forças de Gaddafi se retiraram da cidade antes mesmo do anoitecer. As pessoas tocaram buzinas de veículos e atiraram para o alto em comemoração pela vitória.

Fonte: Folha Online

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