quinta-feira, 17 de março de 2011

Feminismo e Agroecologia caminham juntos pela convivência com o Semiárido

Patricia Ribeiro
Comunicadora Popular da ASA
Adital
16/03/2011
Alguns dados atualmente passam despercebidos, dados relacionados à violência contra a mulher, por exemplo, estão a cada dia que passa sendo mais banalizados. No entanto são estes os que devemos estar ainda mais atentos e atentas/as. Eles representam o avanço de um problema que vem se estendendo ao longo da nossa história.

Na Paraíba, somente no ano passado (2010) mais de 53 mulheres foram violentamente assassinadas no estado. Se olharmos um pouquinho para o lado o número é ainda mais assustador, no Ceará, 153 mulheres foram assassinadas em 2010. Adicionando a esta soma ainda a cidade de São Paulo, chegamos a mais de 350 mulheres mortas, neste mesmo ano. O que mais assusta nesses casos, é que os agressores-assassinos, em sua maioria, tratam se de maridos, companheiros, namorados, ex-maridos, ex-companheiros, ex-namorados.

Com essa e outras preocupações, que perpassam a histórica luta das mulheres em todo o mundo, e principalmente no nordeste brasileiro, que um grupo de mulheres que compõe a ASA - Articulação do Semiárido, da Paraíba, decidiram se organizar através do GT Mulheres da ASA no estado.

Inicialmente, durante a realização do 5º Encontro Estadual da Agroecologia, o grupo se reuniu a partir de uma comissão, a qual se propunha a levar o debate de gênero para dentro das redes temáticas e ações desenvolvidas pela ASA. "Diante do trabalho que estávamos desenvolvendo, através da ASA-PB, percebemos a falta de visibilidade do papel das mulheres com relação à agroecologia. Antes só se falava sobre o agricultor experimentador, faltava abordar a participação das mulheres no resgate e valorização das sementes da paixão e na própria experimentação”, relata Maria da Glória Araújo, Coordenadora da ASA-PB e do PATAC.

Para o grupo, pautar a convivência com o semiárido e a agroecologia é também pautar a equidade de gênero e a construção de novos valores, novas relações entre pessoas e com a natureza. E nesse sentido, as mulheres do semiárido vêm cumprindo, durante séculos, o papel de guardiãs do patrimônio genético dessa região. Com isso, o GT vem discutindo a importância de construir a conexão entre Feminismo e Agroecologia. Tendo em vista que se trata de duas perspectivas de mudanças sociais e culturais que dialogam entre si e se complementam.

Diante da realidade das mulheres atualmente no país e principalmente na Paraíba, as mulheres da ASA propõem os temas relacionados à Violência contra a Mulher e a Saúde da Mulher como principais pontos a serem discutidos nas microrregiões de atuação da ASA.

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