Com 280 mil civis já tendo deixado a Líbia, o ACNUR teme pela segurança daqueles impedidos de sair do país
GENEBRA, 15 de março (ACNUR) - O Alto Comissariado da ONU para refugiados (ACNUR) informou hoje que mais de 280 mil pessoas já deixaram a Líbia. Esse dado inclui cerca de 150 mil pessoas que fugiram para a Tunísia, 118 para o Egito, 2,2 mil para o Níger e nove mil para a Argélia. Embora o número de pessoas deixando a Líbia continue crescendo, a agência da ONU está preocupada com o fato de que o ritmo de saída do país esteja sendo mais lento do que o esperado.
“Normalmente, em situações de deslocamento massivo como esta, esperaríamos ver um número significativo de pessoas feridas, especialmente mulheres e crianças, mas até agora as nossas equipes na fronteira com o Egito e a Tunísia relatou poucos casos”, a porta voz do ACNUR, Melissa Fleming, disse aos jornalistas em uma conferência de
imprensa em Genebra na terça-feira.
“Nossas linhas telefônicas diretas continuam recebendo pedidos de ajuda de refugiados e solicitantes de refúgio presos na Líbia. Houve relatos de que refugiados eritreus estão sendo detidos tanto na região leste quanto oeste do país” adicionou, apelando às partes envolvidas no conflito que garantam a passagem segura de todos os civis que fogem da violência na Líbia.
No Egito, das 2,2 mil pessoas que chegaram ontem à fronteira mil eram líbios, incluindo famílias inteiras provenientes da cidade oriental de Ajdabiyya. Muitos disseram temer que as rotas para sair da Líbia sejam bloqueadas na medida em que aumente o cerco à zona de combate.
A maioria deixou a fronteira depois de ter seus documentos registrados. Entretanto, ainda há cerca de 3,5 mil pessoas retidas na fronteira egípcia, lutando para lidar com as baixas temperaturas e com abrigos inapropriados. O ACNUR e seus parceiros têm distribuído cobertores, colchonetes, alimentos e água. A maioria dessas pessoas é de Bangladesh, embora 879 bengaleses tenham retornado ao país ontem na medida em que o
número de vôos entre Bangladesh e Egito aumentou.
Além disso, encontram-se presas em Saloum outras 141 pessoas de responsabilidade do ACNUR, incluindo somalis, eritreus, etíopes, darfurianos, marfinenses e palestinos. Especificamente, há um grupo de 80 eritreus que conseguiu cruzar a fronteira na segunda feira, após fugir de Benghazi. Também continua na fronteira outro grupo de 35
somalis, cinco eritreus e três etíopes, que também estavam presos em Benghazi, mas que foram retirados de barco para Alexandria e transferidos em seguida para Saloum.
O ACNUR está realizando o procedimento de determinação do status de refugiado para o grupo e pediu ao Governo do Egito que permita que refugiados e solicitantes de refúgio entrem no país e se acomodem longe da área de fronteira até que uma solução possa ser encontrada.
Na Tunísia, mais de 16 mil pessoas instaladas em um campo na fronteira estão à espera de transporte ou outras soluções. Em média, cerca de três mil pessoas têm chegado diariamente à região desde sexta-feira. Muitos dos recém-chegados disseram aos funcionários do ACNUR que passaram vários dias no aeroporto de Trípoli antes de vir para a Tunísia.
Desde o início da operação conjunta de retirada humanitária entre a Organização Internacional para Migrações (OIM) e o ACNUR, no dia primeiro de março, 25 vôos do ACNUR, na Tunísia e no Egito, transportaram mais de 6 mil pessoas de volta para Egito, Bangladesh e Mali. Outros 15 vôos estão programados para hoje, levando cerca de três mil africanos sub-saarianos para Mali, Gana, Chade e Níger.
Outros 75 vôos transportarão aproximadamente 15 mil nacionais para seus respectivos países na África Subsaariana durante a próxima semana. Essa ação foi viabilizada a partir da decisão do Alto Comissário, Antonio Guterres, de liberar cinco milhões de dólares adiciona is, da reserva operacional do ACNUR na segunda feira.
Para maiores informações sobre o conflito na Líbia entrar em contato com:
Na fronteira do Egito, Astrid van Genderen Stort: +2012 366 87 65
Na fronteira da Tunísia, Firas Kayal: +216 508 561 99
Em Genebra, Melissa Fleming +41 79 557 91 22 ou Sybella Wilkes +41 79 557 91 38
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