terça-feira, 29 de março de 2011

Comunidades denunciam descaso e afirmam que governo não cumpriu com o prometido

Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
No último dia 21, famílias que habitam na comunidade Nuevo Montes Azules, na cidade de Palenque, estado de Chiapas, no México, realizaram um bloqueio na estrada federal que vai de Benemérito das Américas à Palenque, para exigir a imediata atenção dos governos Federal e Estadual aos problemas que enfrentam, desde que foram realocadas para esta região em 2005.

Foi com promessas de melhoria de vida que o governo realocou as famílias, que pertenciam às comunidades de El Censo (Ocotal), Santa Elena (Suspiro I), Zapotal (Suspiro II), Villa das Rosas, Sol Paraíso Las Ruínas, Tumbalá e Petalcingo, na Selva Lacandona, localizada na Reserva da Biosfera Montes Azules (Rebima) para Nuevo Montes Azules. No entanto, desde que foram para a nova comunidade, as famílias viram toda a promessa se transformar em um acumulado de problemas.

"Nos disseram que por ser uma Reserva não poderiam nos regularizar e nos ofereceram outras terras em outro lugar”, explicaram por meio de comunicado. Mas, as novas terras foram mostradas às famílias 'em tempos de seca', e "parecia estar bem, não havia chuva e as construções pareciam estar ficando bem", apesar de ainda não estarem terminadas, relataram.

De acordo com Ivna Feitosa, integrante da associação Enlace, que atua na região, há anos que o governo federal do México está implementando uma política de esvaziamento da Rebima. Especula-se que o motivo desta política seja para atender aos interesses de empresas transnacionais nos recursos naturais do local. "De 46 comunidades que existiam na selva, hoje restam coisa de 6 ou 7”, afirma ela.

As famílias relataram ainda que quando foram transferidas para a nova comunidade, foram alertadas de que não deveriam retornar ao antigo local, com ameaça de serem presas.

Somente depois de três meses em que estavam vivendo nas novas terras e quando iniciaram as chuvas, foi que a realidade do local veio à tona. "Quando chove se formam muitos alagamentos, (...) essas terras são pantanosas. Em tempo de chuva sai água por todos os lados, por qualquer rachadura, saem camarões, peixes e caracóis, inclusive o lagarto invade as zonas encharcadas ligadas com a lagoa e comem nossos animais", denunciaram.

De acordo com os relatos, as casas da nova comunidade foram construídas sem base firme e sem cimento, 'apenas estão assentadas sobre a terra'. Além de já estarem cheias de lodo, algumas casas já estão com os pisos e as paredes rachadas, e as telhas, que segundo eles, 'foram mal colocadas', já começaram a cair com o vento.

Além disso, os moradores informaram que apenas parte das novas terras foram regularizadas, e as famílias não têm as escrituras das terras onde estão assentadas. "O governo não pagou a terra, por esta razão, o proprietário quis voltar a ocupar este terreno com seu gado e quis cercar o terreno, mas a comunidade não deixou", detalharam. "O compromisso explícito do governo para que não regressássemos para a Rebima era comprar e regularizar todos os terrenos", esclareceram.

Se as moradias se encontram nesta situação, não é de se espantar que os demais serviços prometidos também não estejam em bom funcionamento como a casa de saúde, água, energia elétrica e escola. "A única atenção que chegou do governo é a realização de pulverizações por parte da Comissão Nacional para a erradicação da Malária", afirmaram as famílias explicando que o aparecimento da malária se deve aos alagamentos.

"Passou muito tempo desde nosso realocamento e nossas demandas não foram atendidas, por esta razão, (...) decidimos nos organizar em um movimento para exigir que o Governo Federal e o Governo do Estado de Chiapas cumpram suas responsabilidades com nossa comunidade e nos garantam nossos direitos".

Mais informações, acesse: http://www.enlacecc.org/

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