domingo, 15 de maio de 2011

Paraguaios comemoram revisão do Tratado de Itaipu pelo Brasil

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL
Adital
O Senado brasileiro aprovou, ontem (11), o decreto legislativo nº115, que revê o Tratado de Itaipu, assinado em 1973 pelos dois países. Com isso, o Brasil triplica a compensação paga ao Paraguai pela cessão de energia gerada na usina hidrelétrica binacional de Itaipu. O valor passa de 120 a 360 milhões de dólares anuais.

Fruto de um acordo assinado em 2009 entre o então presidente brasileiro Lula e o presidente paraguaio Fernando Lugo, a aprovação do projeto foi comemorada no Paraguai como o início da soberania energética do país.

Para Lugo, que celebrou a aprovação com festa e anúncio público, essa é uma forma de "corrigir a terrível traição que ocorreu no regime do general Stroessner e os erros cometidos contra a nação e o povo do Paraguai no Tratado de Itaipu”.

Já o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Jorge Lara Castro, destacou que a aprovação do decreto "inicia um novo contexto de integração”.

Na opinião do engenheiro Ricardo Canese, a mudança é um ganho para toda a América Latina. Ele ressaltou que a conquista advém de uma luta de 38 anos e agradeceu aos brasileiros. "O povo brasileiro, através de seus representantes, deu uma mostra de que a solidariedade, a fraternidade dos povos, a integração são factíveis”, disse.

Também em clima de comemoração, o conselheiro de Itaipu corrobora do sentimento de vitória, mas alerta que este é apenas um primeiro passo, pois ainda é necessário discutir a auditoria da dívida assumida pelos dois países com a construção de Itaipu e a cogestão, de fato, da usina binacional.

"Podemos dizer que fizemos o primeiro gol. A partida segue; continua em discussão o tema da dívida; há outros temas que continuaremos lutando”, afirmou.

No mesmo sentido, o Partido Comunista do Paraguai alertou para a necessidade de a população se manter vigilante. "Não devemos ficar na festa, mas exigir, como cidadãos, que o recurso obtido seja destinado aos setores mais excluídos de nossa economia, como os quase três milhões de paraguaios que vivem em situação de pobreza”, disseram, em comunicado. Os comunistas defendem investimentos em infraestrutura e desenvolvimento social.

Também a Coordenação Nacional pela Integração e a Soberania Energética (Conise) salientou que o recurso extra deve ter destinação social. Em nota, a articulação composta por movimentos sociais defende que a cifra adicional repassada ao Paraguai pelo Brasil seja utilizada nos campos da educação, saúde, reforma agrária, povos originários, pessoas com deficiência, pessoas da terceira idade, moradias populares, água potável, saneamento básico, crédito produtivo, bolsas para estudantes pobres e capacitação para o trabalho. As propostas já haviam sido apresentadas ao Congresso Nacional em março deste ano.

Além disso, a Conise quer que a energia seja disponibilizada a preço justo, que haja transparência na gestão da usina e que as obras inacabadas sejam terminadas. Outra bandeira dos movimentos é a exportação da energia para a Argentina e o Uruguai.

Com informações de Agência Brasil e ABC.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário