Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL
Adital
Depois de quatro dias de intensos protestos contra a nova lei mineira, os indígenas da comarca de Ngobe Buglé conquistaram ontem (27) um acordo com o governo do Panamá.
O acordo consta de seis pontos em que o governo se compromete a criar uma lei que proíba explicitamente a exploração mineira nos territórios indígenas e proteja os recursos hídricos; além disso, deve liberar os manifestantes presos nos últimos dias. Em contrapartida, os indígenas irão desbloquear a via Panamericana.
Também se estabeleceu a instalação de uma comissão de alto nível, integrada por representantes do governo e da Coordenadora pela Defesa dos Recursos Naturais e o Direito do Povo Ngobe Buglé; o início do diálogo, no dia primeiro de março, para analisar detalhadamente a lei da mineração proposta pelo governo; o apoio do governo às pessoas afetadas nas manifestações e a mediação da Igreja Católica.
A reunião ocorreu no Centro de Oração Virgem do Caminho, em São Félix, Chiriquí, a zona de maior conflito. Depois de longa negociação, o ministro do governo, Demetrio Oao admitiu, e o presidente da Coordenadora, o cacique Rogelio Montezuma, firmaram o texto, segundo o presidente da comarca de Ngobe Buglé, Pedro Rodríguez.
"Agora o acordo terá que ser apresentado ao povo e eles decidirão se estão satisfeitos ou não”, disse Rodríguez.
Resistência
Milhares de indígenas mantiveram fechados pontos diferentes da via Panamericana, que liga o Panamá à Costa Rica, nas províncias de Veraguas e Chiriquí, durante os dias 26 e 27 de fevereiro. Antes disso, haviam organizado marchas, com o apoio de outros setores da sociedade.
Houve confronto com a polícia e feridos de ambos os lados. A Frente pela Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (Frenadeso, na sigla em espanhol) assinalou que ao menos dez indígenas foram lesados.
Rica em ouro e cobre, os indígenas da comarca de Ngobe Buglé sentiram-se ameaçados com a lei que autoriza a exploração de minas por empresas estrangeiras, pois consideram que a atividade, a céu aberto, traria prejuízos ao meio ambiente.
Com informações de Agence France-Presse e Prensa Latina
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